Por Roberto Sainz, Aval Serviços Tecnológicos e Univ. Califórnia (EUA)
Quando pensamos no que queremos para a nossa pecuária, os sonhos do futuro, podemos identificar alguns pontos
principais. Em primeiro lugar, claro, queremos ter uma atividade que dê sustento às nossas famílias, ou seja, que remunere
o árduo trabalho que investimos nela. Queremos, também, cuidar da nossa mãe Terra, com muita atenção ao meio ambiente.
Afinal, o fazendeiro é o principal ambientalista, ao contrário do que dizem inúmeras ONGs que lucram com as mentiras que
divulgam ao público urbano. Finalmente, queremos prover alimento da mais alta qualidade e segurança para esse mesmo público.
A marca IT tem se tornado líder em melhoramento genético da raça Guzerá voltado para esses objetivos. Desde 2012, cada
safra de reprodutores é avaliada minuciosamente quanto à precocidade, docilidade, qualidade de carcaça e eficiência
alimentar. Sem dúvida alguma, esse animal selecionado irá produzir uma carcaça pesada, com excelente acabamento, em uma
idade mais precoce e utilizando menos recursos, com menor impacto ambiental. Isto é, irá cumprir com todos os objetivos
delineados. Os resultados obtidos nesses anos são realmente espetaculares.
Dentro da realidade da pecuária brasileira, qual seria o papel da raça Guzerá? Não acreditamos que ela venha a ser a raça
principal da pecuária de corte, porém pode representar uma opção interessante para o cruzamento, por exemplo com Nelore.
Mas qual seria o impacto desse cruzamento, para as características já mencionadas e até na qualidade da carne? Esse é o
objetivo do projeto IT-Quality.
Nele, touros das principais linhagens do Guzerá IT são acasalados com vacas Nelore comerciais. Também são utilizados
touros das raças Nelore e Aberdeen Angus para fins de comparação. As progênies são monitoradas desde o nascimento até o
abate, com todas as mensurações de desenvolvimento ponderal, perímetro escrotal dos machos, ultrassonografia de carcaça e
eficiência alimentar. Após o abate, cada carcaça é avaliada por técnicos da USP-Pirassununga/SP, sob a direção do professor
José Bento Ferraz, com mensuração de peso, área de olho de lombo, acabamento, pH, coloração e maciez.
Para completar, o
DNA de cada animal é colhido e genotipado. Esse trabalho, uma colaboração do setor privado (Marca IT e Aval) e do setor
público (USP e Universidade da Califórnia), tem todas as virtudes de um projeto de ciência de ponta, junto com objetivos
práticos e comerciais, uma combinação imbatível.
O projeto IT-Quality encontra-se no terceiro ano e o banco de dados vai crescendo. Resultados preliminares mostram dois
fatos interessantes: primeiro, existe ampla variabilidade dentro da raça para todas as características mensuradas. Essa
variabilidade é essencial para qualquer programa de melhoramento genético.
Outro fator imprescindível para o melhoramento é a herdabilidade. Os resultados obtidos até hoje no IT-Quality mostram
algumas diferenças entre as progênies de touros diferentes, indicando que essas características (exemplo: maciez) são
transmitidas de pai para filho, mesmo no cruzamento. Por exemplo, dos 10 touros Guzerá utilizados, dois produziram
progênie Guzonel com maciez de carne igual ou melhor que os filhos do touro Aberdeen!
Até a presente data, com um número inicial de animais avaliados reduzido, esses resultados preliminares têm de ser
interpretados com cautela. No entanto, são extremamente animadores. Tudo indica que será possível selecionar e produzir
reprodutores da raça Guzerá que farão a sua parte para nos ajudar os nossos sonhos do futuro.
Bob Sainz em análise de caraça de Guzonel do projeto IT-Quality, que estuda qualidade de carne dos filhos de touros IT.
(Fotos: Assessoria de Comunicação Guzerá IT)